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segunda-feira, outubro 01, 2001

Foi assim.
Acordei, olhei pela janela e vi que chovia torrencialmente. Tomei café pensando em começar uma dieta e mantive-a até o meio do café da manhã, quando ataquei um pão feito em casa com doriana. Não foi propriamente uma orgia, apenas uns 4 dedos de pão com doriana light, o suficiente para não saciar o desejo e nem manter o regime.

Depois do ritual diário de higiene, banho, escovação de dentes, fio dental, bochecho e batom na boca, peguei minha bolsa, minhas coisas e fui para o primeiro dia de novo trabalho num escritório provisório.

Primeiro, a chuva e o trânsito infernal na marginal do rio Tietê.
Passei ilesa por essa provação e cheguei ao escritório em Alphaville.

Alphaville pra mim é uma espécie de Disney pra morar, porque tudo parece irreal e fora do mundo. Mas o escritório fica lá, de fato.
Começou com o primeiro problema sendo resolvido, parar o carro. Assim que cheguei, ocupei uma vaga da garagem e fui preencher um papelzinho para ser mensalista.

A garagem, escura. Eu, velha. E meus óculos, na outra bolsa. Não enxergava nada e preenchi praticamente em braille.

Subi, e no elevador bacana, tive que pegar meu próprio cartão de visitas, recém impresso para saber em que andar eu estou trabalhando. O décimo primeiro.

Cheguei, entrei e comecei a me ajeitar.
Primeiro problema, também temporário, estamos sem internet. Quer dizer, sem internet Speedy, aquela que usa placa de rede no PC porque o bichinho não tem modem para dial-up.

Trabalhar num computador sem conexão à Web é muito estranho, bizarro mesmo. É como se você ficasse presa a seus próprios pensamentos e parasse de receber informações pelos sentidos. Bizarro.

Levei um laptop jurássico que demora horas e horas para receber dois emails. Praticamente, não serviu pra nada. Mesmo assim, todos nós, continuamos nos adaptando, ligando coisas, trabalhando.

Lá pelas 2 da tarde meu estômago estava comprimindo a pleura de tanta fome. Chovia canivetas e, obviamente, eu esqueci meu guarda chuva em casa. Decidimos ir ao lugar mais próximo, aquele que víamos da janela, o McDonalds.

Chegando lá comecei a perceber que não era um dia de glória. Odeio McDonalds porque tudo é fake e engorda. E tem mais: tenho medo patológico do Ronald MacDonald. Ele parece aqueles personagens de filme de terror, brinquedo assassino.

Olhei o cardápio como quem olha o menu de penas de morte e decido pelo mal supremo, o número 7.

Veio uma coisa parecida com um mock up de pãozinho, recheado de tudo que mata e engorda, tal que assim que coloquei ambas as mãos sobre o sanduíche, as coisas todas começaram a cair pelos lados, por baixo e, até mesmo contrariando a gravidade, por cima.

Caía maionese, catchup, a alface escorregava, um horror.

Sobrevivi ao sanduíche, tomei um banho na pia, escovei os dentes e voltei ao trabalho.

Tudo mais ou menos precário, mas acho que consegui escrever algumas linhas.

À noite, para ajudar, mais chuva e 139 km de trânsito e, pra ajudar, errei o caminho. Subitamente eu me perguntava se era isso que eu havia planejado para minha vida, estar perdida na chuva, no meio da marginal errada, com cinco mil e duzentos caminhões parados. Felizmente, estou muito calma hoje, inexplicavelmente. Acabei achando o caminho certo, e cheguei até algum lugar identificável.

Chegando em casa, descobri que fiz uma homérica K-..ada no meu PC e coisas essenciais sumiram para sempre. O técnico que viria consertar não veio. E agora, novamente, chove pra dedéu.

Amanhã, será um novo dia de dilúvio e trânsito do inferno e, novamente, terei que atravessar a cidade e ir até o interior de São Paulo, lá em Alphaville.

Tenho certeza que estou destacando os últimos tickets do meu carnêzinho de karma, por isso, irei com alegria.

Que sobreviver, verá. No fim, tudo vai dar certo.

E com chuva.


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